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Textos, artigos e outros conteúdos esportivos desenvolvidos pela equipe de Pesquisa & Desenvolvimento do Insper Sports Business, e validados por membros do conselho da entidade. Os temas giram em torno de gestão esportiva e aspectos financeiros. Para isso, os membros passam por capacitações de professores ou profissionais da área.

Não basta apenas chorar no começo para sorrir no final

7/7/2019

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Por Pedro Torresan

A Copa do Mundo de Futebol Feminino chegou ao fim nesse domingo e essa edição parece ter contado com o maior apoio dos torcedores canarinhos desde a primeira versão. Talvez pela transmissão inédita pela principal emissora do país, ou até pelo crescente interesse na modalidade. O fato é que a eliminação nas oitavas de final para as anfitriãs foi um balde de água fria para o torcedor brasileiro, e foi também para as torcidas das outras sete seleções eliminadas. Todavia, é preciso entender que os resultados dentro de campo são em grande parte consequências de questões extracampo e não se limitam a técnica ou habilidade, estando diretamente ligadas ao esforço de confederações e investimentos financeiros. Sendo assim, não é de se espantar que as seleções que pararam nas oitavas – com exceção da Espanha que foi eliminada pela maior potência do futebol feminino, os Estados Unidos – tiveram suas vagas preenchidas por seleções europeias.

É inegável que futebol entre as mulheres vem evoluindo a cada ano, e não seria diferente considerando que sua prática é relativamente recente. Essa evolução pode ser observada na proporção do evento que ocorreu na França, que contou com mais de 800 mil ingressos vendidos antecipadamente. É importante lembrar também que na edição anterior o orçamento da competição restringia-se ao pagamento em dinheiro aos times participantes, enquanto que na edição desse ano, além da recompensa financeira ter sido dobrada de US$15 milhões para US$30 milhões, uma parte do orçamento total (US$11,5 milhões) foi reservado para que os 24 times que se qualificaram pudessem organizar jogos preparatórios antes da competição e outra parte (US$8,5 milhões) para o Club Benefits Programme, um fundo designado para reconhecer a importância que os clubes de futebol tem na realização da copa. Ou seja, o orçamento total mais que triplicou, indicando que, de um modo geral, o futebol feminino começa a gerar mais receita e apresentar uma melhor estruturação.

Apesar dos números animadores no âmbito mundial, com receitas crescendo e investimentos se intensificando, ao analisar o status do futebol feminino em cada continente percebe-se que há um grande hiato entre as confederações de futebol do mundo, que reflete, entre outras coisas, no desempenho das seleções nacionais. Nesse sentido, as federações de futebol da Europa, sob organização da UEFA, e a federação de futebol do Estados Unidos, se destacam dentro e fora de campo. Dos nove representantes do velho continente, apenas a Escócia ficou de fora das oitavas de final. Apenas a Espanha não avançou às quartas de final. O investimento da UEFA no futebol feminino só em 2014 foi de US$99.1 milhões, enquanto a CONMEBOL, investiu apenas 2,5% desse valor. Em outros termos, o valor médio por federação investido pela UEFA é de US$2 milhões, e na CONMEBOL, apenas US$300 mil.

O investimento inferior que se percebe na confederação sul-americana está em grande parte embasado pela ineficiência das federações em atrair investimento de patrocinadores. Na última pesquisa sobre o futebol feminino divulgada pela FIFA, nenhuma das seleções associadas contava com suporte financeiro de patrocinador. Por outro lado, a confederação europeia conseguiu nos últimos anos através de programas de incentivo, desenvolvimento da categoria de base e estratégias de marketing tornar a modalidade atrativa, tanto é que a última Eurocopa Feminina teve uma audiência total de 165 milhões de pessoas. Assim, as federações não dependem unicamente dos governos locais como forma de investimento, aumentando suas receitas.

Nas quartas de final, entre representantes da Europa tivemos Inglaterra, Holanda, Alemanha, Noruega, Suécia, Itália e França. Os seis países, com exceção da Itália, são os únicos europeus que ostentam cada um, mais de 100 mil jogadoras registradas, ou seja, 600 mil em um total de 1.3 milhões na Europa. No Brasil, os últimos dados indicam apenas 5 mil jogadoras registradas. A incompatibilidade é expressiva, e chama atenção já que a população do brasil é 13% menor que a população desses seis países somada. Além deles, os Estados Unidos compôs o grupo das oito seleções que disputaram as quartas de final. E pela sexta vez em oito edições, as norte-americanas avançaram até a final.

Já era de se esperar que elas chegariam longe na competição. Nos Estados Unidos 1.7 milhões de jogadoras de futebol estão registradas, mais do que em toda Europa. Os resultados apresentados pelas mulheres superam em muito o desempenho da seleção masculino, e isso reflete para além do reconhecimento das jogadoras. No período que se estende de 2016 a 2018, somente os jogos da seleção americana de futebol feminino geraram uma receita US$50.8 milhões. Em 2016, pela primeira vez na história, a receita foi maior até do que a gerada pela modalidade masculina, o que se manteve nos últimos dois anos. Com uma receita maior, observou-se que nesse mesmo período os investimentos e gastos destinados à seleção feminina também foram maiores, totalizando US$53.9 milhões.

Olhando para a discrepância de valores entre as confederações, esperar que o Brasil fosse passar de uma França, era otimismo. Resultados vem com investimentos, que dependem de projetos de estruturação e atratividade a longo prazo. Não basta apenas chorar no começo para sorrir no final...

Fontes:
https://www.ussoccer.com/governance/financial-information
https://resources.fifa.com/image/upload/fifa-women-s-football-survey-2522649.pdf?cloudid=emtgxvp0ibnebltlvi3b
https://books.google.com.br/books?id=vu9TBAAAQBAJ&pg=PA89&lpg=PA89&dq=number+of+female+registered+soccer+players+in+brazil&source=bl&ots=neWqOvYV26&sig=ACfU3U3M6132sNiYEXLkLKQXMdijC7U0OQ&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwjVrOSG35zjAhUPDbkGHXP0AacQ6AEwEnoECAkQAQ#v=onepage&q=number%20of%20female%20registered%20soccer%20players%20in%20brazil&f=false
https://resources.fifa.com/image/upload/fifa-financial-report-2018.pdf?cloudid=xzshsoe2ayttyquuxhq0
https://www.uefa.com/MultimediaFiles/Download/uefaorg/Administration/02/59/06/63/2590663_DOWNLOAD.pdf


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