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Textos, artigos e outros conteúdos esportivos desenvolvidos pela equipe de Pesquisa & Desenvolvimento do Insper Sports Business, e validados por membros do conselho da entidade. Os temas giram em torno de gestão esportiva e aspectos financeiros. Para isso, os membros passam por capacitações de professores ou profissionais da área.

IGUALDADE NO ESPORTE: A ESTRUTURAÇÃO DO ESPORTE FEMININO

27/3/2019

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Recentemente, foi divulgada uma quantidade enorme de manchetes que têm como foco a figura feminina, sobretudo nos veículos de mídia esportiva. O conteúdo jornalístico está baseado em histórias de superação, dificuldades e feitos inéditos, expondo a realidade das mulheres no esporte, que ainda têm de conviver com a desigualdade e o preconceito no meio. Esse debate ocorre de forma muito concentrada no Dia da Mulher, porém fica um pouco esquecido no resto do ano. O gráfico a seguir mostra a evolução do interesse de busca pelo tópico “feminino” no Google, especificamente nas notícias esportivas. É possível observar uma maior porcentagem de interesse na semana do Dia da Mulher e em seguida um rápido declínio:
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O esporte tem uma cultura essencialmente masculina que, apesar de estar se alterando ao longo dos anos, ainda é marcada por uma desvalorização do esporte feminino. As modalidades esportivas masculinas no geral, ainda contam com um suporte maior da imprensa e dos telespectadores, envolvem mais dinheiro, os atletas são, de modo geral, mais valorizados e as competições recebem maior visibilidade. Esses fatores se relacionam com o fato do esporte feminino, hoje, não ser em sua maioria muito atrativo. Com isso, a transmissão acaba não sendo rentável, nem tanto a entrada de patrocínios, resultando em, menos dinheiro envolvido. Por exemplo, o valor agregado para as premiações na Copa do Mundo de Futebol Masculino de 2018 disputada na Rússia foi de US$400 milhões, enquanto na competição feminina que ocorrerá em junho desse ano, a premiação equivale a apenas 7,5% desse valor. É possível perceber que essa situação é um reflexo do atual contexto.

Dentro dessa lógica, percebe-se que devido a questões históricas, relacionadas à discriminação por gênero, o esporte feminino se encontra alguns patamares abaixo do esporte masculino. Todavia, essa situação vem se alterando ao longo do tempo e se mantém em apenas algumas modalidades, que ainda não apresentam condições para se equipararem ao esporte masculino, no que diz respeito à salários, premiações, suporte da imprensa e estrutura. Observa-se uma nítida diferença no interesse das pessoas no esporte, que acabam por consumir em maior quantidade o produto referente ao esporte masculino. Essa preferência é a base para compreender porque competições femininas ainda recebem premiações inferiores, não são amplamente transmitidas e contam com uma estrutura menos desenvolvida.

O primeiro passo para que se possa ver uma equidade dentro do esporte é tornar o esporte feminino mais atraente. Faz-se necessário o desenvolvimento de uma estrutura que forneça as mesmas condições para ambos os gêneros, de forma que o esporte feminino também possa oferecer um produto de qualidade, e assim atrativo suficiente para um público que o queira consumir. Um exemplo disso é futebol feminino na Espanha, que há duas semanas teve seu público recorde no clássico entre Atlético de Madri e Barcelona, no Wanda Metropolitano, com 60.739 torcedores. A grande presença dos torcedores em jogos femininos na Espanha vem se tornando cada vez mais frequente, e é fruto de um grande incentivo à modalidade feminina do futebol nos últimos 5 anos, que ocorre de maneira análoga em outros países europeus.

Investimentos de grandes clubes na formação e estruturação de times femininos, estratégias de marketing que incentivam a frequência nos estádios em jogos entre mulheres, são práticas que se tornaram comuns na Europa. Conforme apresentado no relatório Women’s Football Across the National Associations, divulgado pela UEFA, o investimento no futebol feminino em 2017 foi de €111,7 milhões (aproximadamente R$487,6 milhões). Para efeito de comparação, foram investidos €50,4 milhões em 2012. O investimento possibilitou um aumento considerável na qualidade do futebol feminino, que além de melhorar o seu nível técnico, tornou-se mais disputado. Dessa forma, observou-se um aumento do interesse do público pelo futebol feminino. Além do recorde de público na Espanha, a Itália também registrou seu maior público da história do futebol feminino, com 39 mil torcedores assistindo à vitória da Juventus no último domingo (24). Em poucas semanas, é o terceiro jogo com mais de 30 mil telespectadores presentes. É inegável que o aumento da audiência acaba, por consequência atraindo a imprensa e novos patrocínios, estruturando a modalidade no continente.

Enquanto na Europa há uma movimentação em conjunto por parte dos clubes e das ligas, que veem no futebol feminino um negócio com potencial para até gerar bons retornos financeiros, no Brasil o cenário é outro. Dos 20 clubes que vão disputar a série A, apenas 7 possuem o futebol feminino já estruturado. Mesmo assim, há uma movimentação por parte dos outros clubes motivados exclusivamente por duas exigências que entram em vigor a partir de 2019: uma da Conmebol e outra da CBF, que afirmam que se faz necessário o investimento em futebol feminino por parte dos clubes que tenham interesse em participar de suas competições. Na Europa, não houveram imposições severas quanto a criação de times femininos, e sim recomendações, por meio de programas, como o Programa de Liderança Feminina no Futebol da UEFA e o Programa de Desenvolvimento do Futebol Feminino da UEFA e investimentos pesados, que dobraram de valor desde 2012. Com isso, o desenvolvimento do futebol feminino no Brasil, diferentemente do que ocorreu no velho continente, é uma resposta imediata a um incentivo e não um projeto pensado a longo prazo.

Observa-se que há em vigor uma gradativa mudança no universo esportivo quanto a questão do gênero. Nos últimos anos, World Surf League (surfe) e Liga das Nações (vôlei), são os exemplos mais claros da mudança da mentalidade. As duas entidades igualaram as premiações para as modalidades masculinas e femininas, porém isso só foi possível já que havia uma estrutura semelhante nas duas categorias.  Portanto, a mudança que se espera no universo do esporte visando uma maior equidade entre as modalidades masculinas e femininas é possível apenas tornando o esporte feminino um produto mais atrativo com ações de gestão voltadas para a estrutura de longo prazo. 

Por Pedro Torresan

FONTE:
​Copa do Mundo de 2018: qual a premiação em dinheiro entregue ao campeão?
https://www.goal.com/br/not%C3%ADcias/mundial-russia-2018-premio-valores-selecoes-campeao-vice/nsy960dgy89p1hpd5gchi10xm
Fifa dobra premiação da Copa do Mundo feminina, mas é criticada. https://maquinadoesporte.uol.com.br/artigo/fifa-dobra-premiacao-da-copa-do-mundo-feminina-mas-e-criticada_35793.html
Futebol feminino tem recorde histórico de público na Espanha.
https://dibradoras.blogosfera.uol.com.br/2019/01/31/futebol-feminino-tem-recorde-historico-de-publico-na-espanha/?cmpid=copiaecola
Futebol feminino: recorde na Espanha, desprestígio no Brasil.
https://epoca.globo.com/futebol-feminino-recorde-na-espanha-desprestigio-no-brasil-23537293
Montar time feminino é exigência para equipes da Série A 2019; veja situação dos clubes.
https://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/montar-time-feminino-e-exigencia-para-equipes-da-serie-a-2019-veja-situacao-dos-clubes.ghtml
A hora do futebol feminino?
https://esporte.uol.com.br/reportagens-especiais/cbf-e-conmebol-obrigam-clubes-a-ter-times-femininos-sera-que-agora-vai/index.htm#a-hora-do-futebol-feminino?cmpid=copiaecola
Juventus e Fiorentina batem recorde no futebol feminino italiano
https://esporte.ig.com.br/futebol/internacional/2019-03-24/futebol-feminino-recorde-juventus-fiorentina.html
WSL faz história e equipara premiação de homens e mulheres; Kelly Slater e Stephanie Gilmore comemoram.
http://www.espn.com.br/espnw/artigo/_/id/4729348/wsl-faz-historia-e-equipara-premiacao-de-homens-e-mulheres-kelly-slater-e-stephanie-gilmore-comemoram
Tudo igual no bolso: mulheres festejam mesma premiação dos homens na Liga
https://globoesporte.globo.com/volei/noticia/tudo-igual-no-bolso-mulheres-festejam-mesma-premiacao-dos-homens-na-liga.ghtml
 Women’s Football Across the National Associations
https://preview.thenewsmarket.com/Previews/UEFA/DocumentAssets/490985.pdf


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