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Textos, artigos e outros conteúdos esportivos desenvolvidos pela equipe de Pesquisa & Desenvolvimento do Insper Sports Business, e validados por membros do conselho da entidade. Os temas giram em torno de gestão esportiva e aspectos financeiros. Para isso, os membros passam por capacitações de professores ou profissionais da área.

Adiamento das Olimpíadas custará 3 bilhões de dólares para os organizadores, mas evita fraco desempenho desportivo e arquibancadas vazias

23/4/2020

 
Por Giuliano Chileli
 
A partir de fevereiro, muitos torneios esportivos começaram a ser cancelados em função do surto de SARS-COV-2, que se iniciou na China no final de 2019. Pré-olímpicos em geral, corridas de Fórmula 1, a NBA e torneios de futebol na Europa, assim como todos os torneios esportivos na China, foram paralisados até meados de março. Sem torneios e com a circulação de pessoas fortemente restrita em alguns países, os atletas foram obrigados a parar de treinar. Contudo, o COI (Comitê Olímpico Internacional) demorou até o dia 24 de março para adiar os Jogos Olímpicos de Tóquio, que ocorreriam entre julho e agosto de 2020, para 2021. Tal demora pode ser associada a forte tradição do evento – que só foi adiada em tempos de guerra – e aos impactos financeiros que tal decisão traria à economia japonesa, aos investidores e ao próprio calendário esportivo internacional.
 
Quais os custos de realizar uma Olimpíada?
 
A realização de uma edição dos Jogos Olímpicos envolve custos como a construção da Vila Olímpica (onde os atletas moram durante a realização dos jogos), a reforma ou construção de ginásios, centros de treinamento e estádios, melhorias da infraestrutura de transportes e hotelaria, bem como toda a logística da organização. O custo inicial dos Jogos de 2020 seria de US$12 bilhões, valor que foi posteriormente aumentado para US$13,6 bi e US$19 bi. Contudo, o adiamento provoca novos custos. Por exemplo, os apartamentos da Vila Olímpica são vendidos para moradia depois de seu uso nas Olimpíadas. Para arrecadar caixa para a construção, muitos desses imóveis foram vendidos ainda na planta, sendo prometida sua entrega para o comprador em 2020. Cerca de 25% dos imóveis da Vila Olímpica, já foram negociados e deveriam ser entregues nos meses seguintes ao término da Paralimpíada. Com o adiamento das Olimpíadas, esses imóveis não poderão ser entregues no prazo estabelecido, o que fará, possivelmente, com que sejam pagas multas ou mesmo que o dinheiro da compra tenha de ser devolvido. Além disso, haverá todo o custo de manutenção e logística das construções por mais um ano, bem como a extensão do contrato de trabalho de 3,5 mil funcionários. Segundo o Tribunal de Contas do Japão, o montante gasto pode chegar a US$ 24 bilhões de dólares, o dobro do orçamento inicial para a realização dos jogos em 2020, sendo 3 bilhões diretamente associados à mudança de data.
 
De onde vem o dinheiro para a realização dos Jogos
 
Os Jogos Olímpicos recebem dois tipos de financiamento: os financiamentos públicos (que inicialmente seriam de US$ 7 bilhões, mas já estão em US$ 14 bilhões), de prefeituras e governos, e os financiamentos privados (US$ 5 bi), por meio de patrocinadores, direitos de transmissão e ingressos para assistir às competições, intermediados pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) e pelo comitê olímpico local, no caso, o COJ (Comitê Olímpico Japonês, em português). O financiamento vindo dos órgãos públicos, não deve sofrer perdas, contudo alguns patrocinadores podem desistir do negócio, por causa da geração extra de custos (tanto financeiros, quanto de oportunidade, já que os investimentos só gerarão frutos em 2021). Os custos financeiros existem porque, além do pagamento realizado aos comitês pelo direito de associar seu nome aos Jogos (valor que costuma estar na casa das centenas de milhões de dólares), as marcas ainda gastam uma grande quantidade de dinheiro criando propagandas e anúncios que serão alocados nas mídias sociais. Esses conteúdos costumam ser publicados a partir de 100 dias antes do início das Olimpíadas, ou seja, seriam divulgados a partir de abril, e já estavam prontos quando houve o adiamento dos Jogos. Contudo, tais propagandas foram feitas num contexto pré pandemia, em um ambiente global diferente, e provavelmente terão de ser refeitas, aumentando consideravelmente os custos para os patrocinadores. Ainda, terão de ser feitas novas campanhas de marketing para 2020, sem o tema olímpico. Por ora, as negociações dos Comitês com os patrocinadores visando a extensão de contratos têm sido bem-sucedidas, mas ainda existe a possibilidade de algumas dessas empresas pedirem algum tipo de revisão contratual.
Além disso, não se sabe se pode ocorrer algum efeito negativo do COVID-19 ou do adiamento da competição sobre a venda de bilhetes, que até então estava obtendo grande sucesso, com 5 dos 7,8 milhões de ingressos disponíveis já vendidos, US$ 500 milhões já arrecadados e procura superior à oferta de ingressos (sobretudo dentro do próprio Japão). Embora as condições de compra digam que não haverá devolução do dinheiro do ingresso, ainda que por motivo de força maior, teme-se que muitos turistas não possam viajar ao Japão em 2021, por falta de disponibilidade, recursos financeiros (já que a atual pandemia tende a causar uma recessão mundial) ou mesmo medo de uma onda secundária da doença . Contudo, nesta questão, o adiamento pode ter atenuado uma perda econômica, já que se espera que o temor com relação ao novo coronavírus seja menor em 2021, com o arrefecimento do surto, e a tendência é que os ingressos já vendidos continuem válidos (embora ainda não haja decisão oficial sobre isso). Se os Jogos Olímpicos fossem mantidos em 2020, poderíamos ter um fracasso absoluto de público, com arquibancadas vazias e um terço dos ingressos não vendidos, com estimativas de perda, só com turistas, de até US$ 3 bi.
 
Danos secundários
    Os danos da mudança de data das Olimpíadas não se resumem apenas aos gastos que terão de ser arcados pelos governos locais e pelos comitês. Com o adiamento das Olimpíadas, outras competições também terão de mudar suas datas. A World Athletics, antiga Federação Internacional de Atletismo, foi a primeira entidade a anunciar uma nova data para um Mundial, que passou de março desse ano para 2021, e agora para 2022, para não coincidir com a data da realização dos Jogos Olímpicos. O Mundial de Esportes Aquáticos em Piscina Longa, que seria em agosto de 2021, também terá de ser adiado, assim como pode ocorrer com outros mundiais que seriam realizados em 2021. Ou seja, por causa da mudança de data das Olimpíadas, haverá um efeito cascata em outras competições desportivas, que terão seus próprios prejuízos financeiros.
Certamente, os prejuízos de se realizar as Olimpíadas com um ano de atraso existirão e podem ser bastante relevantes. Porém, o custo desportivo e econômico de se realizar tal evento ainda em 2020, com o mundo em forte alerta contra o COVID-19, seria muito maior. Não somente pela quantidade reduzida de público e pela perda do ambiente esportivo diante de um cenário de calamidade, que fatalmente afetaria a eficiência do marketing dos patrocinadores, mas também com a perda de forma física e pelo risco à saúde dos atletas.
 
 
 
https://globoesporte.globo.com/olimpiadas/coronavirus/noticia/diretor-geral-do-cob-revela-preocupacao-com-dolar-e-orcamento-apos-adiamento-das-olimpiadas.ghtml
https://globoesporte.globo.com/olimpiadas/coronavirus/noticia/vendas-de-apartamentos-da-vila-olimpica-vira-problema-para-toquio.ghtml
https://gauchazh.clicrbs.com.br/esportes/olimpiada/noticia/2020/03/quais-os-impactos-do-adiamento-dos-jogos-de-toquio-ck861pij9012401rzf27mesv1.html
https://www.newsweek.com/olympics-games-2020-tokyo-postponed-financial-impact-ioc-1493926
https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2019/07/16/internas_economia,1069897/olimpiada-de-toquio-ja-e-a-mais-rentavel-da-historia-entenda.shtml
https://fortune.com/2020/03/27/2020-olympics-tokyo-postponed-canceled-brands-sponsorships/
https://veja.abril.com.br/esporte/quanto-pode-custar-o-cancelamento-dos-jogos-olimpicos-de-toquio/
http://www.olimpiadatododia.com.br/toquio-2020/222757-coronavirus-reembolso-toquio-2020/
https://www.theguardian.com/sport/2020/mar/24/olympics-tokyo-2020-coronavirus-postponed-q-and-a
https://istoe.com.br/orcamento-da-olimpiada-de-toquio-2020-estoura-e-atinge-r-93-bilhoes/
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