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Textos, artigos e outros conteúdos esportivos desenvolvidos pela equipe de Pesquisa & Desenvolvimento do Insper Sports Business, e validados por membros do conselho da entidade. Os temas giram em torno de gestão esportiva e aspectos financeiros. Para isso, os membros passam por capacitações de professores ou profissionais da área.

O calendário do futebol brasileiro após a pandemia.

6/6/2020

 
Por Henrique Porto

Em virtude da pandemia do Covid-19, todas as competições nas quais clubes brasileiros participavam foram paralisadas no mês de março. A suspensão temporária foi uma decisão de todas as Federações responsáveis pela organização de tais torneios, sejam eles estaduais, regionais (Copa do Nordeste), nacionais (Copa do Brasil) ou internacionais (Copas Libertadores e Sul-Americana). A questão é: como esses campeonatos serão remanejados após a paralisação? Haverá necessidade de administrá-los junto ao início do Campeonato Brasileiro (desde a série D até a elite) e das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022, essa com início originalmente programado para a última semana de março, mas também adiado pela Conmebol. Será necessário considerar não apenas o aspecto da alocação de tempo e frequência dos jogos, mas também a presença ou não de público, tendo em vista os impactos financeiros de cada decisão.

Considerando a necessidade de evitar aglomerações para a não propagação do vírus, a opção de retomar os jogos com portões fechados está sendo cogitada. O presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, disse que fará o necessário para recuperar o futebol, e que planeja retomar os torneios internacionais assim que os campeonatos nacionais dos países membros da Confederação recomeçarem, mesmo que sem público. No cenário nacional esta opção é viável e a CBF afirma que soluções para os campeonatos estaduais possuem maior importância do que as de novo formato para o campeonato brasileiro.  Esse último ainda não tem situação definida, mas em uma live organizada pelo Insper Sports Business, o diretor comercial e de marketing da CBF, Gilberto Ratto, confirmou que o ideal será manter as 38 rodadas. A postura de priorizar os estaduais é justificada por fatores financeiros e políticos, pois tais campeonatos são os únicos capazes de levar times de pequena expressão para torneios como a Copa do Brasil e a do Nordeste, competições cujas receitas obtidas pelas participações podem oferecer um momento de equilíbrio nas finanças dos clubes. Além disso, as próprias federações estaduais adquirem receita com seus campeonatos e não estão dispostas a cancelá-los. Convergente a isso, as federações votam para eleger a cúpula da CBF, tendo mais peso no voto que os próprios clubes, e assim, a redução ou término dos estaduais também geraria problemas políticos. Por hora, as federações têm a promessa da CBF de que os Estaduais serão finalizados, mas dependem da liberação dos agentes de saúde.

Um exemplo da dependência dos clubes de menor expressão aos campeonatos regionais é o América Futebol Clube, do Rio Grande do Norte, mais conhecido como América de Natal e vencedor do Campeonato Potiguar de 2019. Esse título possibilitou sua participação nas copas do Nordeste e do Brasil em 2020. Dessa maneira, o lucro líquido do clube no mês de março de 2020 foi superavitário (R$725.024,02) em virtude de suas participações em ambos os torneios (R$1.676.610,90), as quais representaram 76% das receitas do clube.

Ao convergir todos os fatos, a confederação junto à CNC (Comissão Nacional de Clubes) discutiu, no mês de abril, até 37 novos modelos para o brasileiro de 2020, entre eles jogos por pontos corridos e decisões por mata-mata. Entretanto, devido a uma motivação especialmente financeira, o modelo com 38 rodadas para as séries A e B não deverá ser alterado. Em um cenário de perda de receitas com bilheterias, patrocinadores e programas de sócio torcedor, cresce em importância o valor a ser recebido com o contrato pelos direitos de transmissão. Reduzir o tamanho do Brasileirão significaria a renegociação e diminuição dos ganhos de acordos que sempre foram importantes para as finanças dos clubes e agora se tornam ainda mais fundamentais. Para a realização do modelo, os clubes da Série A de maneira unânime se mostraram dispostos a iniciar um campeonato que teria seu desfecho apenas em 2021.
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Atualmente, os clubes dividem as receitas auferidas pela venda dos direitos de transmissão do campeonato brasileiro Série A da seguinte forma: a televisão aberta, representada pela TV Globo distribuiu R$ 600 milhões no total, e a televisão fechada, representada pelo SporTV distribuiu R$ 325 milhões (para os 13 times que assinaram com a transmissora). O dinheiro passou a ser dividido da seguinte maneira:
  • 40% são divididos igualmente entre todos os clubes
  • 30% são divididos conforme número de jogos transmitidos
  • 30% são divididos de acordo com colocação na tabela (do primeiro ao décimo sexto colocado)
 
Além disso, a empresa estadunidense Turner, que comprou o Esporte Interativo e os direitos para a TV fechada no canal TNT, teve uma quantia de R$ 120 milhões (para os 6 times que assinaram com a transmissora) distribuída da seguinte maneira:
  • 50% são divididos igualmente entre todos os clubes
  • 25% são divididos conforme a audiência dos jogos
  • 25% são divididos de acordo com colocação na tabela (do primeiro ao décimo sexto colocado)
Os dados acima foram obtidos a partir de uma matéria, de dezembro de 2019, do jornalista especializado em negócios esportivos e repórter do Globo Esporte, Rodrigo Capelo. Eles não abordam números do Premiere FC. Além disso, vale ressaltar que os valores em questão são uma estimativa de quanto recebeu cada equipe da primeira divisão do Brasileiro, dado que as emissoras e os clubes não divulgam tais informações de maneira detalhada.
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Fonte: Rodrigo Capelo
        ​Assim, o ganho com direitos de transmissão é vital para os times da elite, como podemos ver na tabela abaixo, que mostra a relevância dos direitos de transmissão da televisão aberta e fechada na receita total dos clubes.
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Um meio para a execução da complicada tarefa de ajustar o calendário pode já ter sido implementado. Em 8 de maio de 2020, a International Football Association Board (IFAB), a qual determina as regras do futebol, seguiu recomendação da Fifa e efetuou uma mudança temporária (até 31/12/2020) nas regras do esporte, passando a permitir que as equipes façam até cinco substituições por jogo. A CBF já autorizou tal alteração para poder ser utilizada assim que o futebol nacional retomar sua programação. A ideia da mudança é valorizar o bem-estar dos atletas que terão um desgaste maior devido à escassez de datas para os jogos e, dessa maneira, os jogos podem vir a ocorrer em intervalos de 66 horas (tempo mínimo estabelecido pela CBF em dezembro de 2017) e um maior número de substituições é benéfico para essa situação.

Outra ideia debatida por dirigentes dos clubes é a adequação do calendário do futebol brasileiro ao europeu. Figuras como César Grafietti, economista especialista em banking, gestão e finanças no futebol, Gilberto Ratto, diretor comercial de marketing da CBF e Guilherme Bellintani, presidente do Esporte Clube Bahia debateram sobre o assunto na live de 11/05/2020 já citada. Em relação à essa possibilidade, Grafietti se mostra contrário por conta de questões climáticas, as quais são desfavoráveis para a prática esportiva no hemisfério Sul, e pela temporada turística de dezembro e janeiro, quando a própria programação de TV ocorre de maneira diferente devido a menor audiência. Ratto diz concordar com a linha de raciocínio de César. Entretanto, o economista não ignora o fato de que se transitarmos ao europeu haveria uma adaptação nas janelas de transferência e os elencos não seriam desfeitos no meio do campeonato, como ocorre no atual modelo. Exemplos disso, são jogadores como Éder Militão e Renan Lodi. Militão saiu do São Paulo para o Porto FC na janela de transferência europeia de 2018, mesmo com seu clube na liderança do Brasileirão Série A, por sua vez, Lodi deixou o Athletico Paranaense na janela de 2019, assim, sua ida ao Atlético de Madrid impossibilitou sua participação no título inédito do Athletico na Copa do Brasil do mesmo ano.

Por sua vez, Bellintani abriu outra discussão sobre o calendário, abordando que a questão não é sobre manter o atual formato ou alterar para o europeu, mas sim, de criar um modelo original. A ideia é de ter um campeonato brasileiro de 10 meses, sendo que a data de início não é a de maior relevância. O presidente do Bahia vê que os estaduais comprimem o calendário e defende o fim deles. Na questão dos direitos de transmissão dos estaduais, Bellintani vê que a receita dos estaduais se dá nos 3 meses em que os clubes não recebem a do PPV do Brasileiro (distribuída de abril a dezembro), então se estendermos o PPV para os meses de janeiro a março, essa receita dos estaduais não faria falta. Em relação a ideia apresentada, Grafietti comenta outra possibilidade, a de que dentro de um calendário em que o Brasileiro teria início no primeiro trimestre do ano, é possível encaixar os estaduais e campeonatos de acesso (como o caso do Potiguar) de uma maneira mais organizada com jogos o ano inteiro, assim, possibilitando com que times sem divisão nacional tenham partidas para disputar após o fim de abril e evitando o desemprego de seus atletas.

​Em conclusão, a solução do calendário ainda não foi definida pela CBF, porém ela planeja encerrar os estaduais e manter um Brasileirão de 38 rodadas. Em contramão há ideias como adaptação ao europeu ou como a de Belinati que são diariamente discutidas no mundo do futebol. Acima de tudo, a fim de amenizar os prejuízos financeiros dos clubes nacionais, o objetivo é retomar as atividades o mais cedo possível, dado que a essa altura a situação da maioria das equipes do país é instável. Entretanto, a saúde dos atletas deve ser levada em consideração e não se pode colocá-los em risco de forma precipitada.
 

Referências:

https://www.gazetaesportiva.com/campeonatos/brasileiro-serie-a/cbf-rechaca-mudar-formula-do-brasileirao-e-adequar-calendario-ao-europeu/#3

https://oglobo.globo.com/esportes/coronavirus-conmebol-confia-em-volta-da-libertadores-este-ano-preve-jogos-sem-torcida-24349288

https://www.youtube.com/watch?v=S5VooZJpOxs

https://www.lance.com.br/futebol-nacional/cbf-descarta-retorno-futebol-maio-brasileirao-pode-terminar-2021-diz-presidente-fpf.html

https://www.mg.superesportes.com.br/app/noticias/futebol/futebol-nacional/2020/04/20/noticia_futebol_nacional,3844994/por-dinheiro-da-tv-times-querem-brasileirao-com-38-rodadas-mesmo-com.shtml

https://98fmnatal.com.br/a-importancia-do-estadual-na-vida-financeira-dos-cubes/
https://www.uol.com.br/esporte/futebol/de-primeira/2020/04/15/cbf-define-35-modelos-de-disputa-do-brasileiro-apos-pandemia-do-coronavirus.htm

http://www.intervozes.org.br/direitoacomunicacao/?p=26447

https://www.cbf.com.br/futebol-brasileiro/noticias/copa-brasil-masculino/copa-do-brasil-2020-regulamento-especifico-e-documentos-tecnicos

bf.com.br/futebol-brasileiro/noticias/copa-nordeste-masculino/copa-do-nordeste-2020-confira-os-documentos-tecnicos-da-competicao

https://www.metropoles.com/esportes/futebol/times-querem-brasileirao-com-38-rodadas-mesmo-com-fim-em-2021

https://esportes.r7.com/futebol/fotos/palmeiras-corinthians-e-sao-paulo-tem-queda-de-faturamento-em-2019-06052020#!/foto/2

https://globoesporte.globo.com/blogs/blog-do-rodrigo-capelo/post/2019/12/18/novo-modelo-de-distribuicao-aproxima-cotas-de-tv-aberta-e-fechada-no-futebol-brasileiro-em-2019-pay-per-view-desequilibra.ghtml

https://www.uol.com.br/esporte/colunas/lei-em-campo/2020/05/08/equipes-poderao-fazer-ate-5-substituicoes-no-retorno-dos-campeonatos.htm

https://rodrigomattos.blogosfera.uol.com.br/2017/12/29/apos-acordo-cbf-aumenta-regra-de-intervalo-entre-jogos-e-afeta-convocados/
​
https://www.youtube.com/watch?v=xUYbhD_R_Rk

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