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Textos, artigos e outros conteúdos esportivos desenvolvidos pela equipe de Pesquisa & Desenvolvimento do Insper Sports Business, e validados por membros do conselho da entidade. Os temas giram em torno de gestão esportiva e aspectos financeiros. Para isso, os membros passam por capacitações de professores ou profissionais da área.

SURF FEMININO EM NOVAS ONDAS

8/5/2019

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Por Pedro Torresan
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O Circuito Mundial de Surf começou no início do mês de abril com o histórico evento de Gold Coast, em Queensland, na Austrália. A etapa, que há mais de 10 anos inaugura a temporada do surf profissional, foi marcada pela apresentação de uma série de mudanças no formato da competição para o ano de 2019. O maior destaque, porém, é para uma mudança anunciada em setembro do ano passado: a equiparação das premiações masculinas e femininas pela primeira vez na história do surf. A entidade responsável pelas principais competições do esporte, a World Surf League (WSL), é a primeira organização esportiva global com sede nos Estados Unidos a igualar a premiação em dinheiro entre gêneros.

A equiparação das premiações já havia sido inserida em uma competição de ondas gigantes em novembro do ano passado e na primeira etapa do circuito de longboard (outra modalidade do surf), vencida pela brasileira Chloé Calmon, que acabou recebendo a mesma premiação que o vencedor da competição masculina. Contudo, essa mudança entrou em vigor apenas esse ano na competição de maior expressividade do surf mundial, o Championship Tour e é o maior exemplo da busca por uma maior igualdade no surfe que já vem ocorrendo desde 2014, ano em que a WSL se tornou responsável pelas competições femininas. Desde então, as mulheres passaram a ser incluídas em mais etapas do circuito, de 8 em 2013 para 10 em 2014 e passaram a participar de um maior número de competições, em 2016, disputaram pela primeira vez o campeonato de ondas gigantes, anteriormente restrito aos homens. Em 2017, a WSL anunciou Sophie Goldschmidt como CEO da organização, primeira mulher a assumir essa posição na entidade, influenciando diretamente em uma melhoria da condição do surfe feminino. Dessa forma a equiparação das premiações consagra a evolução que vem ocorrendo sobretudo nos últimos 5 anos.

O projeto de igualar o prêmio em ambas modalidades surgiu no mesmo ano que a ASP (Association of Surfing Professionals) mudou de nome para WSL. A premiação em dinheiro nas etapas femininas do Championship Tour aumentou em 250% desde essa mudança e 38% por evento desde o ano passado. Todavia, fazia-se necessário uma série de alterações na configuração dos campeonatos para que se fosse possível estabelecer a mesma recompensa financeira. O principal obstáculo estava relacionado ao maior número de surfistas nas competições masculinas do que nas competições femininas. A premiação era estruturada a partir do valor pago pelos competidores para participar do evento. De modo geral, as competições masculinas envolviam um número maior de atletas e consequentemente as premiações eram maiores. Em 2018, por exemplo, o Championship Tour feminino contava com 18 atletas, metade do número de atletas da mesma competição disputada entre os homens, e assim, o montante total da premiação para as mulheres - 303.900 USD -­ era a metade do valor reservado para os homens - 607.800 USD. A incongruência do número de atletas ocorre de maneira análoga nas categorias juniores e ganhou holofotes após a publicação de uma foto dos vencedores do evento Billabong Ballito Surfing Pro Junior na África do Sul, em que aparece o surfista Rio Waida exibindo o dobro do valor exibido pela surfista Zoe Steyn (figura I). 
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A cobrança pública por uma inserção maior de atletas nas categorias femininas se intensificou, e apesar de ser uma exigência justa, refletia em uma solução ineficaz. A Associação de Surf Internacional (ISA), em documento enviado em 2012 para o Comitê Olímpico Internacional (COI) divulgou que o número de surfistas no mundo é de aproximadamente 35 milhões, sendo que 81% são homens e apenas 19% são mulheres. Dessa forma, a formação de surfistas de alto nível do sexo feminino não ocorre na mesma proporção do que a de homens, e assim, o aumento do número de atletas nas competições femininas acabaria por tornar as baterias menos competitivas. Portanto, a solução da Liga foi atribuir às premiações uma carga maior do valor investido por patrocinadores e da receita proveniente de público, venda de produtos e marketing.

A maior dependência da WSL por patrocínio, capital investido e receita, como moldes das premiações, requer um desenvolvimento e estruturação do surf feminino. A intenção não é apenas dar mais visibilidade para a categoria, mas também incentivar a prática do esporte entre as mulheres para que a solução de inserir mais atletas nas competições femininas se torne efetiva. Na Austrália, por exemplo, que é o país de origem das duas maiores vencedoras da história do surf feminino, Stephanie Gilmore e Layne Beachley (cada uma com 7 títulos mundiais), o número de surfistas mulheres é maior em relação ao número de surfistas homens nas faixas-etárias de 14 a 17 anos e de 18 a 24 anos, como mostra o gráfico I. Em 2010, a situação era justamente oposta, havia um número maior de surfistas homens nas duas faixas-etárias, o que indica um elevado crescimento de mulheres praticantes do surf. Esses dados mostram a influência que as atletas podem ter no desenvolvimento do esporte no país, visto que as duas australianas são as melhores de suas gerações, com Beachley mostrando resultados expressivos de 1998 até 2006 e Gilmore no intervalo de 2006 até o presente.
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Essa evolução foi pensada pela WSL com a criação de uma série de programas e iniciativas que entraram em vigor no início de 2019 e visam incentivar o surf feminino. A campanha de marketing “Every Wave for Everyone”, que será exibida nas mídias sociais, buscará dar mais destaque ao surf feminino, aumentando o envolvimento dos fãs e audiência dos eventos. A campanha “WSL Heritage Series” divulgará uma série de conteúdos referentes a mulheres ligadas ao surf que serviram de inspiração para diferentes gerações do esporte. Além disso, são esperados cerca de 64 eventos femininos de âmbito global durante o ano. Para efeito de comparação, em 2012 foram realizados apenas 14. Por fim, o ano de 2019 marcou a inauguração de um programa inovador de incentivo prático ao surf feminino, o “Rising Tides – WSL Girls Program”. O projeto é restrito às mulheres e oferece clínicas e oficinas de instrução ao surf com atletas da WSL em cada etapa do Championship Tour feminino durante o ano, buscando inspirar e envolver novas gerações de meninas à prática do surf.
Referências:
2018 Is Pro Surfing's Year of the Woman
https://www.outsideonline.com/2371306/2018-pro-surfings-year-woman-stephanie-gilmore-wsl
Surfistas da elite vão receber mais dinheiro
http://blog.surfalive.com.br/surfistas-da-elite-vao-receber-mais-dinheiro/
How many surfers are there in the world?
https://www.surfertoday.com/surfing/how-many-surfers-are-there-in-the-world
Fair Play on Equal Pay
https://surfsimply.com/surf-contests/fair-play-on-equal-pay/
Equal Waves, Equal Pay: World Surf League Closes Its Gender Pay Gap
https://www.forbes.com/sites/alanaglass/2018/09/05/equal-waves-equal-pay-world-surf-league-closes-its-gender-pay-gap/#67b250f1611a
Women’s surfing riding wave towards gender equity
https://theconversation.com/womens-surfing-riding-wave-towards-gender-equity-103299
Committee for equity in women's surfing
http://surfequity.org/about-cews/
Surf’s up! (For young women and 50+ folks, at least)
http://www.roymorgan.com/findings/6202-surfs-up-for-young-women-fifty-plus-201504222329
WSL faz história e equipara premiação de homens e mulheres; Kelly Slater e Stephanie Gilmore comemoram
http://www.espn.com.br/espnw/artigo/_/id/4729348/undefined
WSL Celebra Data
http://www.waves.com.br/noticias/feminino/wsl-celebra-data/

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